domingo, 13 de setembro de 2009

A Aprendizagem na Academia

Os cursos de formação de professores dos ensinos fundamental e médio são ricos em teorias e práticas de ensino que desenvolvem, acompanham e avaliam a aprendizagem de crianças e jovens nas escolas e nos colégios. Mas quando o público acadêmico é constituído de adultos no Ensino Superior, principalmente quando estes estudam no turno noturno, nem sempre os professores têm formação para incentivar a aprendizagem dos alunos.

Inicialmente, o Plano de Desenvolvimento Institucional da instituição de nível superior deve valorizar e criar as condições didático-pedagógicas voltadas para a aprendizagem de professores e alunos. Na prática, esse plano deve ser construído por equipe multidisciplinar, a qual se predispõe a assessorar os professores em um segundo momento, na ocasião da realização do planejamento das atividades das suas disciplinas.

Uma vez atendidas as necessidades institucionais e funcionais, professores e alunos se encontram em sala de aula e em outros locais para conhecerem melhor os temas, as rotinas e as possibilidades de compreensão dos assuntos estudados, para aprender. O trabalho dos professores nesse processo é resultado da riqueza cultural desses profissionais, adquirida através de experiências pessoais e acadêmicas; servirá para criar estratégias de ensino-aprendizagem em atendimento à missão e à visão institucional. As estratégias têm início no uso de vocabulário adequado aos temas de estudo e na valorização dos conhecimentos anteriores dos alunos.
Para que a aprendizagem na academia ocorra dinâmica e objetivamente, os temas de estudo devem ser apresentados de forma a seduzir os alunos, além de certa dose de entretenimento durante as aulas; mostrar utilidade, relações e contextualização com aspectos da vida real. Alunos adultos se interessam por aquilo que indique utilidade, que gere resultados na vida presente e futura; quando os conteúdos das aulas mostram-se potencialmente úteis, os alunos valorizam os conhecimentos, cujo resultado é a aprendizagem.

Os professores devem ultrapassar os limites do conteúdo das bibliografias; as aulas devem ser contextualizadas com informações do dia-a-dia veiculadas nas ruas, nos jornais, nos tablóides, nas emissoras de rádio e televisão; nas revistas, na Internet, nos órgãos de pesquisas, nas entrevistas de especialistas e nas discussões que alunos e professores se dispuserem a construir. Ou seja, as aulas devem seduzir os alunos, ocupar-lhes os pensamentos; seus conhecimentos utilizados e reutilizados nas suas práticas diárias. Assim, a apreensão das informações cria os conhecimentos construtores da aprendizagem na academia. Para construir tal processo, há necessidade de mudanças de racionalidade na pedagogia universitária; em lugar de uma racionalidade técnico/instrumental precisa-se construir uma racionalidade prático/reflexiva; isto levará alguns anos.

Estas informações podem parecer enfadonhas; no entanto, ao conversar com alunos de alguns cursos superiores no Brasil, verifica-se o nível de insatisfação com a aprendizagem. Ainda existe professor que acredita na aprendizagem dos alunos apenas em decorrência das suas duas ou três aulas semanais; como se o aluno fosse um recipiente e o professor o detentor do conhecimento a ser distribuído em porções. Embora essa constatação pareça absurda ou filosófica, continua sendo uma prática ainda utilizada em algumas salas de aulas da academia.

Ao discorrer sobre a necessidade de ciência e estratégias para a apresentação dos temas de estudo durante as aulas, ainda na atualidade, há uma tendência para considerar tal discurso como desnecessário e inócuo; opiniões e achismos são mais comuns. Na prática, há professores que não pesquisam, não escrevem e não prestam atenção aos resultados das pesquisas na área da Educação. E assim, reproduzem os conteúdos dos livros e não desenvolvem juntamente com os alunos a criticidade de consciência e a reflexão sobre os estudos, por isso as avaliações pontuais representam indicadores de aprovação ou reprovação de alunos; embora estas sejam deficientes na verificação da aprendizagem construída, a qual se revela na vida pessoal e profissional dos acadêmicos e egressos da academia, já no mercado de trabalho.

Então, o planejamento e a execução das aulas devem estar de acordo com a filosofia do plano de desenvolvimento institucional e com o previsto no projeto pedagógico do curso, mas com ciência e pesquisa. Dessa forma, a aprendizagem na academia torna-se realidade e o desenvolvimento socioeconômico será construído com trabalho.

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